terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Mapa Conceitual: a técnica ideal para a análise de conteúdo para eLearning

Texto original de Yael Escamilla, escrito em 04/09/2014
Tradução: Felipe Pontes Coelho

É possível encontrar um assassino através da análise de seus escritos? Imagine que você é um detetive que tenta encontrar culpados pelo assassinato de uma jovem mulher. Houve vestígios do crime, tem uma série de cartas enviadas para o principal suspeito e sua mãe não contêm informações que irá lançar alguma evidência. Onde posso começar a procurar pistas?

Este é o problema enfrentado pelo protagonista do filme “O Segredo dos Seus Olhos”. Demorou anos para um conhecido analisar e identificar as letras dentro dos textos que vários nomes são mencionados, aparentemente desconexos, mas referindo-se a jogadores de um time de futebol famoso; descobrindo que essa era a sua paixão. Nosso detetive sabia para onde olhar.



Desmontando o quebra-cabeça

Quando você monta um quebra-cabeça, busca construir um todo a partir de um conjunto de peças. Analisar é fazer exatamente o contrário. Tudo que se tem que fazer é quebrar ou separar em partes constituintes. Mas por que devemos desmontar? Para saber como cada parte funciona, como eles se relacionam entre si e, por sua vez, com o todo.

Analisando para conhecer. Simples como isso. Começamos com algo concreto-geral e material, para chegar ao abstrato; ou seja, tudo o que pode ser criado com o pensamento: conceitos, hipóteses, leis e teorias.

Você pode não ser um detetive em busca de um assassino, mas ao analisar o conteúdo, tem uma intenção na mente que busca entender e encontrar o significado.

Analisando o conteúdo no Design Instrucional 

Na concepção pedagógica, a análise de conteúdo nos permite conhecer e compreender a estrutura de informações, conceitos e relações entre eles. Isso vai nos permitir identificar:

  •      Quão significativo é. 
  •      Que tipo de conteúdo é predominante (declarativo, procedimental ou atitudinal-valor-relacionados). 
  •      Quais lacunas de informações existem. 
  •      Quais informações devem ser reajustadas. 


Em seguida, com a análise de conteúdo, será possível estabelecer uma estrutura clara e compreensível. As informações da sequência nos permite definir os objetivos e, se necessário, um vislumbre das estratégias de ensino-aprendizagem que poderemos usar.

Desmontando para construir mapas 

Sua mente está agora, inconscientemente, processamento e armazenamento as informações que você leu neste texto.
Seu cérebro está criando um mapa que dá estrutura aos dados, a fim de encontrar um significado e espaço dentro do conjunto de conceitos e idéias que você já tem. Isto provavelmente já aconteceu com você, por exemplo, quando não entendemos completamente alguma parte do texto, paramos e lemos novamente. Isso faz colocar em algum lugar dentro do mapa mental que está a construir, ainda que temporariamente.

Os mapas conceituais 

A análise de conteúdo em Design Instrucional pode ser realizada por várias técnicas de mapeamento, como conceito ou mapas mentais.

A técnica de mapa conceitual criado por Joseph D. Novak, apresenta de maneira organizada e representada em todos os níveis de abstração do conhecimento. Este é um dos conceitos mais gerais e inclusivos que estão localizados na parte superior, enquanto os menos inclusivos se encontram na parte inferior.

Seu mapa irá permitir que você facilmente identifique o tipo de conteúdo que prevalece, seja declarativo, procedimental e atitudinal-valor-relacionados; e as relações entre os conceitos: superordenados (relações hierárquicas), coordenados (relações horizontais), (relações verticais) subordinados.

Construindo mapas conceituais 

O que é um mapa conceitual construído?

Antes de iniciar, executar e procurar por qualquer conteúdo para a prática. Depois de ter o texto em mãos, considere o seguinte:

  •      É essencial fazer a distinção entre as idéias principais e de apoio do texto. 
  •      Seu esquema deve representar fielmente as opiniões expressas no conteúdo. 
  •      Você deve respeitar a hierarquia entre as idéias. 
  •      Não inclua titular dos dados irrelevantes.

Agora, para começar: 


  1. Elabore uma lista dos conceitos identificados. (Um conceito é a palavra que usamos para nomear a imagem mental de um objeto ou evento. Por exemplo, ao ouvir os termos "carro" ou "explosão" pode facilmente representar em sua mente como uma imagem, porque eles são capazes de transmitir um significado). 
  2. Identificar o conceito mais importante e geral, e colocá-lo no topo do mapa ou destacá-lo de alguma forma. 
  3. A partir do conceito mais importante e geral, condene aqueles que são subordinados a ele. 
  4. Por setas, defina a relação entre os conceitos mais gerais e conceitos subordinados (relações hierárquicas); e relações entre conceitos cruzar (vertical e relações horizontais). 
  5. Escolha a palavras "vínculo" que liga um conceito com outro e coloque-os nas setas. 


Com a classificação feita, esboce um primeiro mapa. Elabore-o ao menos uma vez, para se assegurar que não está faltando nenhum conceito.

Encontrar pistas através de mapas 

No filme, alguém tinha de reconhecer o relacionamento e a estrutura dos nomes das letras através de um mapa mental, revelando que eles estavam todos os jogadores da equipe. Foi esta faixa que rendeu para localizar o suspeito.

Referências: 

Oliver, J. (2014). Lección interactiva de Español. Recuperado el día 25 de agosto del 2014, de http://www.saber.unam.mx

Ontoria, A. (2004) Cómo ordenar el conocimiento. Usando mapas conceptuales. México: Alfaomega.

Peralta A., Olvera, A. & Cuevas, A. (2014) Manual de Diseño Instruccional. México: AuraInteractiva.

Soriano, J. (2006) Reflexiones antipedagógicas sobre el proceso de enseñanza-aprendizaje. México: Universidad Autónoma de Chapingo.


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Tecendo a manhã


É rede, é integração, é interação, é participação!

Este belo poema de João Cabral de Melo Neto, Tecendo a manhã, é inspirador para aqueles que amanhecem e compartilham suas vidas com o mundo. Que gostam de formar redes!  A animação e pós-produção de Rodrigo Alineri dão um toque de leveza e sentimento. Uma arte!

Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.


segunda-feira, 30 de junho de 2014

EspaSUS debate o tema CiberespaSUS, na TVT

No dia 26 de junho participei de uma mesa-redonda organizada pelo programa PenseSUS, da TVT, sobre o que denominamos como CiberespaSUS. A questão central do conceito nos faz agir e refletir sobre o movimento nas redes sociais e ambientes de interação virtual que abordam, potencializam e comunicam a saúde e as políticas de saúde do Brasil.

Território virtual que se intensifica e amplia o debate sobre como enfrentar os desafios e aprimorar o SUS

Participei do programa representando o projeto Comunidade de Práticas, do Departamento de Atenção Básica/Ministério da Saúde. Estiveram também presentes o professor Ricardo Teixeira, da Rede HumanizaSUS,e  a blogueira Débora Aligieri, do blog Diabetes e Democracia. A apresentação é do professor Tuto de Paula Souza.

Veja o programa nos três blocos:

EspaSUS - Ciberespasus - 1/3



EspaSUS - Ciberespasus - 2/3



EspaSUS - Ciberespasus - 3/3



Foto com os participantes do programa:

Thiago Petra, Tuto de Paula, Debora Aligieri e Ricardo Teixeira

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Sobre a TVT: A primeira emissora de televisão outorgada a um sindicato de trabalhadores, foi outorgada em outubro de 2009 à Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, entidade cultural sem fins lucrativos criada e mantida pelo Sindicato.
O EspaSUS é realizado em parceria entre a PNH, TVT e OPA, com exibição mensal pela TVT.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Você conhece a Comunidade de Práticas?

O projeto Comunidade de Práticas cresce a cada dia. Se no ano passado tínhamos 8 mil usuários experimentando uma rede social distribuída sem saber o que seria daquilo, hoje temos mais de 30 mil usuários construindo a Atenção Básica com interações em comunidades, cursos colaborativos e relatos de experiência que contam a história atual da Atenção Básica / Saúde da Família no Brasil.

Esse vídeo é mais uma conquista. Queremos incentivar cada vez mais a potência de uso de uma rede que é do trabalhador. Ajude a divulgar, assim construiremos uma rede forte e com a nossa cara!


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Educomunicação: Como estamos fazendo EAD?

Planejar EAD parece muito simples.
(Parece)
Se o professor ou o projetista de um curso EAD possui conhecimentos básicos de informática, domina o PowerPoint, gosta de escrever nas redes sociais ou se atreve a fazer uma edição simples de vídeo, bem, ele já está apto a criar todo o material do curso para um ambiente virtual de aprendizagem? Não sei vocês, mas acho muito pouco. E acredito que a maioria de vocês esteja sempre se deparando com isso aqui e acolá.

É sabido que estamos em uma sociedade que mudou muito. Temos acesso à internet, às tecnologias móveis, computadores baratos, às ferramentas web 2.0. É possível criar um blog como este, criar um canal no youtube, podcasts, relacionamento com outros usuários. Nós nos tornamos emissores de significados, de opiniões, de conexões. A Educação à Distância ganhou uma outra dimensão, temos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, possibilidades de criação de narrativas diversas. E por que ainda vemos a mesma postura centralizadora das salas de aula presenciais? E por que se explora tão pouco as possibilidades das ferramentas web?

Vejam a diferença: Enquanto eu, como usuário, tenho inúmeras possibilidades de participação e interação em vários sites e redes sociais que acesso, nas salas de aula virtuais sou limitado à interação com o conteúdo de maneira passiva. Por quê? A cada estudo que se faz da EAD atualmente, "os números que mais gritam" são os de evasão. Podemos pensar em várias respostas, como falta de tempo do aluno, dificuldades de gerenciamento de informação/ensino, incapacidade do aluno em relação ao conteúdo proposto.

É preciso se colocar diante da realidade no virtual de maneira diferente.
(Devemos combater a educação bancária virtual!!!!)
E podemos ver uma mudança profunda quando inter-relacionamos a educação e a comunicação.

Entendam, um Ambiente Virtual de Aprendizagem é um ecossistema comunicacional. E os atores da educação precisam explorar isso, fugindo do modelo matemático de comunicação (emissor  receptor) e potencializando a rede e sua cultura interativa (), colaborativa e distribuída. Aqui o conceito de Educomunicação pode nos ajudar a entender os desafios da EAD para uma prática da educação alinhada ao contexto interativo e dialógico do acesso do usuário/aluno na internet.

O conceito foi desenvolvido pelo Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), da Universidade de São Paulo, sob a coordenação do prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares, com o objetivo de estudar as inter-relações entre a Educação e a Comunicação e contribuir para identificar novas metodologias de ensino e aprendizagem. Se antes se discutia o uso de técnicas de rádio e jornal para dentro da sala de aula, na Educação a Distância fica clara a necessidade de se estudar com mais potência esta abordagem, desde a maneira como é montada toda a estrutura dentro de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, quanto ao uso de narrativas midiáticas para construção de conteúdos.

Mas a comunicação não deve ser apenas um instrumento. Como escrevi no começo, não adianta saber criar um powerpoint, ou inserir texto no Moodle. É preciso refletir os processos comunicacionais do usuário inserido na web, as diversas narrativas e representações, os agentes que se colocam em relação com a aprendizagem. O aluno não se interessa por um mero transmissor de conteúdo/mensagem. Ele quer participar, seja pelas vias oficiais, ou pelos grupos/comunidades alternativas no Facebook. E o ambiente virtual de aprendizagem e o conteúdo educacional precisam apoiar e motivar esta participação.

Ao construir um ambiente como esse, é preciso estimular a comunicação para todos os usuários, facilitar o processo de construção do conhecimento, usar todo o potencial das tecnologias de informação e comunicação, criar espaços de interlocução. Um gestor de comunicação, ou educomunicador, é peça fundamental na construção deste processo de aprendizagem (se houver liberdade para uma construção em equipe, de preferência multidisciplinar).

O educomunicador é um facilitador, planeja a comunicação, media, explora os meios. Ele também é sujeito, possui um lugar de fala e dá visibilidade aos atores, aos discursos, às tensões. Se por um lado explora o uso das tecnologias e narrativas midiáticas, por outro promove a intencionalidade educativa no processo de comunicação. Até porque um curso se estrutura em objetivos educativos. Se este ator é o tutor, facilitador ou design instrucional, é uma questão de postura. Do educomunicador, de quem projeta o curso.

Por essas penso que um curso de EAD precisa ter um modelo pedagógico e comunicacional.


Referência:

DE MELLO, Luci Ferraz. Educomunicação na Educação a Distância: o Diálogo a partir das Mediações do Tutor. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em "Ciência da Comunicação", ECA/USP. São Paulo, 2010

 




segunda-feira, 19 de maio de 2014

Vídeos educativos como ferramenta fundamental para um curso EAD

Como podemos ver na atualidade, o vídeo é uma tendência de consumo que se tornou realidade na internet. Todos os dias acompanhamos vídeos sendo compartilhados em nossas redes sociais, empresas se utilizando de narrativas em vídeo para divulgar seus produtos e serviços, o humor ganhando força através de canais no youtube, e uma série de oportunidades que mostram o crescimento exponencial no uso desta ferramenta.

Na educação a distância, podemos ver a presença cada vez mais forte de vídeos-aula, o que oferece uma riqueza educacional que precisa ser explorada para o bem. Se chegamos a criticar muitos dos cursos EAD que apenas migram seu conteúdo presencial para o virtual, sem se preocupar com a diferença contextual e narrativa, temos que ter cautela com os vídeos na E@D.

Mas é cada vez mais certo que vídeos educacionais são e serão peças fundamentais para a aprendizagem na internet, assim como outras narrativas e métodos, como games, aplicativos/dispositivos móveis, realidade aumentada, entre outros. O professor ou conteudista deve se adequar a estas experiências, que são cotidianas na vida de muitos internautas.

Pesquisas já apontam para a importância dos vídeos no cotidiano virtual. Segundo o Youtube, mais de um milhão de usuários únicos acessam a plataforma por mês; esses assistem mais de 6 bilhões de horas de vídeo no mesmo período; a cada minutos usuários compartilham 100 horas de vídeo. Previsões da Cisco mostram que em 2017 que 69% de todo o tráfego da internet será de usuários acessando vídeos. Avançar na qualidade dos vídeos educacionais é uma necessidade.

Mas fazer vídeos é apenas gravar qualquer coisa?


Vídeo é um formato, ok? Através deste formato, podemos explorar diferentes modos e narrativas. Hoje temos acesso a vídeos tutoriais, entrevistas, documentários, animações, webinars, videoconferência, entre outros.

Mas quando tratamos de vídeos educacionais, precisamos pensar primeiramente em nosso público e no contexto em que este vídeo estará inserido. Por exemplo, podemos pensar em um curso dentro de uma rede social. Se ele não explorar a condição e características de um espaço social, este vídeo pode não atingir o potencial do ambiente e do usuário. Nesse sentido, como aproveitar?

Ao pensar na utilização de vídeos, podemos pensar em algumas etapas. Separei algumas dicas do artigo do professor Oscar Montero que deu base a este post. Vejamos:


  • Utilize um guia ou um Storyboard: um bom vídeo não consiste em criar por criar, nem criar em tempo real. Faça um guia que siga uma boa estrutura pedagógica. Isso o fará ganhar tempo. E cumprirá melhor seu objetivo.

  • Utilize exemplos familiares: Por que explicar conceitos complexos de maneira técnica quando podemos fazer através de objetos ou situações comuns? Olhe as mudanças que vem acontecendo com os documentários de televisão, mostrando ciência e e outras disciplinas para o espectador através de experiências e exemplos com objetos comuns ao cotidiano. 
  • Pense em seu público/aluno: simpatize com eles. Ofereça-lhes o que você acha que eles querem e adeque o conteúdo e a mensagem para o seu atender a esta demanda.
  • Cuide da estética: dê uma imagem atualizada e bem trabalhada. Tente surpreender, mostre algo diferente, na medida do possível.
  • O poder da imaginação: ofereça algo novo. Se temos 20 vídeos na internet que tratam sobre o que quer ensinar, aborde de modo diferente, traga algo novo.
  • Adicione Interatividade: Em determinados casos, o vídeo pode encorajar passividade. Mas podemos adicionar interatividade, desafiando o espectador através de perguntas, incitando-o a fazer alguma coisa ou ativando sua memória.
  • Reduza o conteúdo: seja claro e conciso. Por que explicar em 10 minutos o que se pode explicar em 2?
  • Cuide do áudio: certifique-se que você está ouvindo com clareza e elimine o ruído de fundo. Em vídeos assíncronos, cuide dos aspectos auditivos: áudio limpo, música de acompanhamento, vz em off...
  • Dê um toque cinematográfico: não precisa ser um Spielberg, mas tome licença para fazer um vídeo mais agradável. Utilize duas câmeras. realize primeiros planos, grave perspectivas e novos ângulos... Na internet é possível achar diversos programas de edição de vídeos simples que podem te ajudar a fazer uma boa montagem. 
  • Deixe-os fazer: utilize o vídeo como estratégia para que os alunos criem e realizem atividades e tarefas. Hoje em dia qualquer um pode gravar, editar e fazer upload de vídeos no youtube ou vimeo.
  • E, sobre tudo, tenha claro seu objetivo: O importante não é que o vídeo seja bom, mas que sirva para cumprir sua finalidade: promover a aprendizagem

Para avançar na discussão


Vejam o material preparado pelo pesquisador Antonio Cordeiro. Participei de algumas experimentações e discussões sobre o uso de videoconferência na sala de aula com Cordeiro, e ele tem avançado nas pesquisas sobre o assunto. Sabemos que com apenas um computador com internet, um software adequado, uma webcam e um microfone, qualquer professor consegue fazer uma transmissão ao vivo. Como vimos antes, mais eficiente será o professor que seguir a partir de um planejamento, para evitar imprevistos. Este material nos apresenta guias, metodologias e a experiência dele na Agência Nacional de Saúde Suplementar. Vale a pena





Referências:

BLOG CONASA DIGITAL. Montero, Oscar. Video-learning, una apuesta de futuro. fevereiro de 2014.  http://blog.conasa.net/2014/02/video-learning-una-apuesta-de-futuro/


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Pensar em redes indo além das simples ligações entre nós: clustering e hubs



Bem vindo ao mundo das redes. Estamos conectados, temos potencial para tanto. Com um perfil no Facebook, eu posso encontrar milhares de pessoas que já foram presentes em minha vida, ou até conhecer novas pessoas. Com um blog, ou um canal do youtube, eu posso expressar o que eu quiser. As redes nos dá potencialidades de produção de conteúdo, construção do conhecimento, e conexões. Mas antes de louvar a Web 2.0 ou a sociedade em rede, é preciso saber: tudo que é colocado na internet é visível? Eu sou uma pessoa fácil de encontrar?

Se estamos numa sociedade altamente conectada, a resposta provável é que sim. Se a definição de rede social é sobre nós conectados, e se estamos inseridos nas redes (na minha rede social, na rede de computadores, ou em qualquer rede), então não temos o que temer. Na famosa imagem de rede de Paul Baran, a lógica de conexão nos faz imaginar em uma rede distribuída que conecta tudo... mas redes não são apenas nós conectados. Quando falamos de internet e redes sociais, devemos pensar nas dinâmicas do cotidiano, das altas interações, do movimento, da aglomeração.

O ponto principal da rede social é a interação. E segundo Augusto de Franco, "tudo que interage clusteriza, independentemente do conteúdo, em função dos graus de distribuição e conectividade (ou interatividade) da rede social"



Clustering são os aglomerados. E nos aglomerados de pessoas, de instituições, de atores-rede, precisamos considerar as diversas possibilidades na interação. Pessoas são diferentes, com culturas diferentes, histórias diferentes, estão em territórios diferentes, possuem suas manias, suas loucuras, seus interesses. Com as instituições podemos pensar o mesmo. Nesse sentido, redes não são apenas nós ligados entre si. São movimentos com vida, possuem sentidos para sua existência. Pensar em redes (ou na sua construção de plataformas/ambientes para sua dinâmica) sem considerar o dinamismo, o contexto, os sentidos, ou a força construída através desta aglomeração, é deixar de olhar, de fato, para o seu potencial.

Isso significa que o potencial de uma plataforma de rede não é a tecnologia, mas a interação que se faz neste ambiente. E a tecnologia precisa seguir este lado potente.

E se pensamos numa rede clusterizada, como podemos pensar nas possibilidades de visibilidade do seu conteúdo?

HUBS

Sabemos das possibilidades de conexão que as redes sociais proporcionam para o usuário da ponta. As ferramentas Web 2.0 potencializam o internauta a uma participação ativa no ciberespaço. Ferramentas e ambientes com interfaces simples, como este blog, um twitter, um canal no youtube. Qualquer pessoa com um mínimo de experiência consegue criar o seu canal com o mundo. Ao mesmo tempo, numa rede altamente conectada, qualquer pessoa pode te encontrar (talvez seguindo aqueles passos da teoria dos seis graus de separação).

Mas, como lembra Barabasi, "para ser lido, é preciso ter visibilidade".

Ok, eu tenho potencial para ter o meu canal de comunicação com o mundo. As mesmas possibilidades técnicas do site das organizações globo (alguns dirão que não, mas a discussão não vem ao caso). Mas numa rede distribuída, por que eles conseguem mais visibilidade que o meu blog?

Como vimos antes, ao se pensar em redes, deixemos de lado o modelo estático de nós conectados e devemos pensr num organismo vivo, clusterizado, aglomerado. São pessoas que se conectam, que possuem sentimentos, interesses, culturas, experiências. Lula e FHC estão na rede, eles tem potencialidade de conexão, mas será que eles querem se conectar?

As redes sociais possuem nós/nodos e conexões. Só que uns tem mais conexões que outros. Isso não significa que estamos diante de redes centralizadas (que é um ponto que se coloca em um modelo mais estrutural, e não no que estamos refletindo aqui). A esses damos o nome de conectores, ou Hubs. São nós (pessoas, instituições, organizações, entre outros) que possuem alguma coisa que faz ter mais conexões. Eles possuem mais links, mais arestas que os conectam a outros nós. Segundo Emanuel Rosen, que traz o conceito de Network Hub, são indivíduos que se comunicam com mais pessoas sobre um determinado produto que um indivíduo normal.

Eles estão nos mais diferentes sistemas complexos. Em redes sociais (virtuais ou não), são aqueles que criam tendências, compartilham as notícias, criam conexões. São os que aproximam, que criam atalhos, formando uma estrutura de mundo pequeno (fazendo com que qualquer nó consiga chegar a outro nó sem dificuldade). Pensando numa rede como o SUS, em seu território, quem será o Hub da equipe de saúde da família, o médico ou o agente comunitário de saúde?

Um Hub é um influenciador. É o que pode potencializar a distribuição da informação. É o blogueiro da diabetes, que consegue unir e chamar a atenção para diversas discussões, protagonizando uma rede que conta com atores institucionalizados, laboratórios farmacêuticos, usuários e pesquisadores. Mas ele pode ser um Hub nessa rede, pois ele tem o poder simbólico (como diria Bourdieu), "o poder de fazer ver e fazer crer", o carisma. Na base da meritocracia.

Se existe o nó que chama mais atenção que outro dentro de uma rede complexa, então há um pequeno grande problema. Barabasi nos aponta que "os Hubs são o mais forte argumento contra a visão utópica de um ciberespaço igualitário" (pg 53).

Com a Web 2.0, podemos publicar o que quisermos (mas nos responsabilizando pelo conteúdo publicado, isso tem que ser óbvio). Mas será que esse texto aqui será percebido? Quantos irão ler? E compartilhar? As ferramentas de buscas são desfavoráveis aos sites com pouca conexão, às vezes os ignoram no rastreamento geral, tornando interessante aqueles que atendem aos critérios de seu algoritmo, entre eles o grau de conectividade.


Referências

  • @augustodefranco - FRANCO, Augusto de. Fluzz. 2013. Acesso em http://lasindias.com/images/b/bb/Fluzz_libro.pdf 
  • BARABÁSI, Albert-Lázló. Linked: A nova ciência dos networks. São Paulo:Leopardo Editora. 2009. Acesse o BarabasiLab aqui.
  • @EmanuelRosen - ROSEN, Emanuel. The anatomy of buzz: how to create word of mouth. New York : Doubleday, 2000

sábado, 5 de abril de 2014

Comunicação e Saúde I - reflexões sobre os desafios no SUS



O texto que se segue é uma pequena reflexão sobre "Comunicação e Saúde: Desafios práticos e conceituais" (caderno Mídia e Saúde Pública - 20 anos do SUS), de Valdir de Castro Oliveira, docente do Programa de Pós-Graduação Strictu Senso de Informação e Comunicação em Saúde, PPGICS/Fiocruz. O recorte do texto aponta para a discussão teórica da comunicação problematizando o estabelecimento de redes de poder e de manutenção de práticas sociais vistas como "verticalizantes", na linha da busca da eficiência do broadcast, que caminham "numa direção contrária ás práticas discursivas horizontalizantes ou dialógicas" (Oliveira, p.12). Isso cria uma relação complexa entre os dois campos, ainda mais quando o campo da saúde toma como base os princípios do Sistema Único de Saúde.
Aliás, deixo registrado a admiração ao professor e ativista da Comunicação em Saúde.

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Ao levar em consideração as características do SUS, que já são conflitantes com o modelo biomédico ou o conceito de saúde da medicina, é importante pensarmos no papel da comunicação e da informação além da sua forma funcionalista. Se pensamos o SUS como um espaço que dá voz aos outros, que propõem um modelo universalizante, integralizante e igualitário (equidade), e que permite o dialogismo social, é importante entender a comunicação e a informação como processos simbólicos, dialógicos, interativos, receptivos à alteridade.

"Ao se propor e efetivar um novo modelo de saúde pelo SUS (universalidade, equidade e integralidade), simultaneamente são constituídos novas demandas teóricas, reflexivas e práticas que irão conformar e definir a performance das intervenções feitas pelas políticas públicas, e pressupõe-se que aconteça o mesmo com os outros campos de conhecimento que giram em torno do campo da saúde" (OLIVEIRA, pg 14)

Nesse sentido, é preciso repensar as práticas de comunicação atreladas ao SUS. Se há a preocupação
em obter um rendimento "eficiente" na transmissão de mensagens, limitando as possibilidades de participação e até negociação de sentidos pelo público-alvo (termo que contrapõe ao sentido de interlocutor), então não se atinge a necessidade de dimensionar a comunicação como prática dialógica, baseada na alteridade e na interação.

"Essa questão se torna imperativa para se pensar o binômio Comunicação & Saúde e, consequentemente, se pesquisar, avaliar e propor modelos comunicacionais e informacionais condizentes com a proposta de inversão do modelo de saúde" (OLIVEIRA, pg 15)

Para entender os processos de participação e mobilização social na área da saúde, é importante se pensar nos rituais da participação e como eles se tornam visíveis para os diversos atores e públicos da mobilização e como funcionam as barreiras simbólicas impostas pela hierarquia social nesse processo, dificultando ou impedindo a participação popular nas políticas públicas da saúde (ou do dia-a-dia). De certo, infelizmente, as instâncias de participação popular não existem ou funcionam fora de práticas discursivas constituídas por diferentes modos de produção, circulação e recepção de bens simbólicos, impedindo a formação e estabelecimento de redes internas e externas de comunicação e informação.

Paulo Freire, como lembra OLIVEIRA, pensava nos processos de comunicação que levam em conta a presença ativa e curiosa dos sujeitos na construção, admiração e readmiração do mundo (de um mundo que não fosse estranho a eles - alienação). Para isso, defende que a comunicação verdadeiramente democrática e passível de tornar o homem responsável pelo seu próprio destino, e capaz de problematizar o mundo, se dê por meio da relação dialógica em que "todo ato de pensar exige um sujeito que pensa, um objeto pensado, que mediatiza o primeiro sujeito, e a comunicação entre ambos, que se dá entre signos linguísticos" (FREIRE, 1971)

"Dessa reflexão, podemos deduzir que o exercício da participação popular e do controle público (que envolve a participação) só pode ocorrer em um determinado campo cultural ou político em que existam informações disponíveis e a capacidade dos atores sociais que ali atuam em interpretar e atribuir novos sentidos a elas (alteridade), o que contraria a ideia da teoria instrumental da comunicação e da informação. O pressuposto é o de que os indivíduos são capazes de transformar determinados estímulos informacionais e comunicacionais em formas cognitivas, tanto para conhecer a realidade que os cerca quanto para agir sobre ela, o que gera uma forma particular de percepção sobre os acontecimentos que ocorrem nesse ambiente" (OLIVEIRA, pg 17).

Na conclusão, OLIVEIRA propõe converter os conceitos de polifonia e interlocução como métodos de pesquisa. E claro, aponta para a necessidade de se produzir condições para que as informações que circulam sejam fator de mudanças que vão permitir o diálogo social.



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Referências:

OLIVEIRA, V. C. Comunicação e Saúde: Desafios práticos e conceituais. In Caderno Mídia
e Saúde pública: 20 anos do SUS e 60 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Belo Horizonte: ESP MG, 2008. p. 11-22. Acesso em http://www.esp.mg.gov.br/wp-content/uploads/2009/06/caderno-midia-e-saude-publica-3.pdf

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Discutindo o potencial das hashtags



Já virou mania. A cada dia surge uma campanha que movimenta pessoas com suas opiniões e perspectivas, a partir de um tema que pode parecer comum entre milhares, milhões de pessoas. Seja em qualquer plataforma de rede social, acampar uma discussão remete ao uso de um comando que ajuda a criar conexões. Sim, a Hashtag ganha força cada vez mais no cotidiano das pessoas.

Pode parecer simples, e talvez seja. O uso das hashtags tem aumentado siginificativamente. Bem, isso é o que diz a pesquisa realizada pela SocialBakers, empresa que analisa métricas nas redes sociais mais populares, que apontou que o uso da cerquilha antecedendo uma palavra-chave se tornou cada vez mais popular no facebook, assim como já era no twitter e no instagram.

Segundo a pesquisa, o uso no twitter continua tendo a mesma frequência do ano passado. Foi pelo twitter que a hashtag ficou popular como um marcador e um hiperlink, ajudando a categorizar as mensagens. Isso se iniciou em 2009, e talvez a experiência no uso nesses anos já seja algo comum entre seus usuários. O próprio Twitter foi valorizando o comando, criando os trending topics com os assuntos mais discutidos no dia, ou os próprios usuários foram popularizando comandos de socialização, como o #ff (Follow Friday - seguir sexta-feira).

No facebook, o uso da hashtag como um hiperlink de conexão é relativamente recente (foi adotado em 12 de junho de 2013, como podemos ver aqui). Como mostra a pesquisa, o uso massivo do marcador revela que o usuário do facebook adotou a prática em seus posts. As questões são: Para que os usuários utilizam as hashtags? Será que conhecem o potencial deste comando?

Dissecando a #hashtag


Tendo a achar que a grande maioria utiliza as hashtags como palavras-chave, para destacar um assunto no post, trazer palavras não ditas, fazer marketing. 

Ao usar a hashtag, o usuário utiliza (às vezes cria) uma conexão. Ele associa seu post a um ponto que une outros posts. E é uma indexação, onde é possível referenciar o seu post para facilitar a recuperação da informação - só que, pelas redes sociais, essa indexação é colaborativa.

Utilizar a hashtag de maneira consciente permite uma gestão da informação eficiente.

Recentemente, participei do grupo que coordenou a IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família. Entendendo que todos os presentes eram, de fato, potenciais mídias, fez-se uma opção estratégica de utilizar hashtags definidas. Através das #ivmostra e #mostrasaude, criou-se pontos de conexão. Isso ajudaria/ajudou a:


  1. Criar uma comunicação colaborativa. Se cada um dos presentes era uma potencial mídia, então estimular a produção de informação da rede, através de um ponto de conexão, que é a hashtag, permitiu ao evento uma dimensão muito maior que teria se apenas se focasse nos meios de comunicação tradicionais (jornais, revistas, jornalistas, assessoria de imprensa);
  2. Facilitar na recuperação de informação. Hoje o mundo está conectado, existem diversos meios de comunicação, e ir atrás do conteudo produzido por milhares de pessoas seria um trabalho árduo. Através das hashtag, é possível direcionar a busca pelas informações dos presentes nas redes sociais que usam o comando. 
  3. Criar uma memória viva. O evento acabou, mas o uso da hashtag ainda continua. É o repositório orgânico. Se os organizadores quiserem, podem movimentar este repositório, solicitando psts, incentivando a construção contínbua da memória.



A experiência foi eficiente no que se propôs. Talvez os participantes que fizeram uso da hashtags não tenham feito de maneira consciente com o que estava sendo proposto. Mas de alguma maneira ele se conectou a outros. E se fez uma rede. Bem, seria legal se todos soubessem aproveitar este potencial.

E a #hashtag na educação?

Bem, a partir do que vimos até aqui, dá pra ter uma ideia de como este comando pode criar uma série de coisas. Para o processo de educação e aprendizagem, a hashtag pode ser muito útil. Com base no que vimos, ele pode ajudar na (1) comunicação colaborativa, permitindo que as discussões sejam coletivizadas para uma participação para contribuir e construir o conhecimento (e fazer com que a discussão da aula ganhe uma dimensão maior, pois permite que outros atores participem); (2) facilidade de recuperação da informação, o que ajuda o aluno a formar sua aprendizagem de maneira individual e autônoma, e a turma, de maneira colaborativa; (3) construção de uma memória viva, com a participação de todos os envolvidos na aprendizagem.


Referências:

Gizmodo. A #hashtag está prestes a se espalhar para um bilhão de usuários. Mas por que ela foi criada? Acesse: http://gizmodo.uol.com.br/historia-hashtag/

SocialBakers. Hashtags Increasingly Popular on Facebook. Acesse: http://www.socialbakers.com/blog/2143-hashtags-increasingly-popular-on-facebook

Twitter. O que são os marcadores (símbolos de "#")? Acesse:  http://support.twitter.com/articles/255508-o-que-e-um-marcador


segunda-feira, 31 de março de 2014

Recursos Educacionais Abertos: Você sabe o que é?

Num mundo conectado, a colaboração é palavra de ordem. Se eu tenho algo que pode ser util ao coletivo, é preciso fazer rodar, compartilhar, e construir o que eu tenho com o que o outro tem. A tal inteligência coletiva só se faz presente quando entramos no processo de colaboração. Comunidades são criadas, tecnologias facilitam as trocas, e vamos recriando uma nova sociedade. É preciso deixar para trás o conformismo do individualismo, da concorrência, das disputas e da solidão.

E nesse cultura é preciso pensar em uma outra educação. Se pelas redes sociais conseguimos nos conectar, precisamos de processos de aprendizagem que sejam pautadas pela colaboração. E navegando pela internet através das minhas redes (meus contatos), conheci os Recursos Educacionais Abertos.

Logotipo do REA, desenhado por Jonathas Mello em parceria com a UNESCO

Assim como o software livre, o REA move milhares de pessoas, entre educadores, jornalistas, ativistas. O termo foi cunhado no Fórum de 2002 da Unesco sobre Softwares Didáticos Abertos, levando em consideração documentos internacionais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção de Berna de 1971, definindo Recurso Educacional Aberto como

"os materiais de ensino, aprendizagem e investigação em quaisquer suportes, digitais ou outros, que se situem no domínio público ou que tenham sido divulgados sob licença aberta que permite acesso, uso, adaptação e redistribuição gratuitos por terceiros, mediante nenhuma restrição ou poucas restrições. O
licenciamento aberto é construído no âmbito da estrutura existente dos direitos de propriedade intelectual, tais como se encontram definidos por convenções internacionais pertinentes, e respeita a autoria da obra", como podemos ver na Declaração REA de Paris de 2012.

Resumindo: É um material educacional que pode ser utilizado por outrem. Isso significa que, através de uma licença e num formato de arquivo acessível, qualquer pessoa pode usar, mexer/remixar ou compartilhar livros, planos de aula, vídeos, áudios, imagens, apresentações e o que você permitir. Numa cultura de colaboração, você coopera facilitando o acesso ao que você cria para fins educacionais. É o conhecimento aberto, livre!

Isso pode ser interessante se você realmente entrar no espírito. Permitir que outros melhorem seu conteúdo, redistribuam, revisem, atualizem, é fazer a roda girar, participar de uma verdadeira transformação no mundo. Pois o conhecimento é construído de maneira colaborativa, com a presença de muitos. fazer que outros participem desta construção, emponderando o próximo.

Existe passo a passo para transformar meu material num REA?


Bem, o REA está focado nos recursos em si, e, para isso, algumas ações são importantes. É preciso pensar nessas possibilidades:

  1 - Conteúdo: é o material em si que você disponibilizará. Cursos completos, livros, artigos, coleções, materiais, entre outros. Mas antes de achar que seu material é aberto, faça a reflexão: é possível alguém usar e mexer neste arquivo? este conteúdo precisa estar em formato técnico aberto, para facilitar práticas como a remixagem. Por exemplo, pense se é melhor disponibilizar sua apresentação em pdf ou em ppt;

  2 - Ferramentas: Como vc disponibilizará. Usar software para auxiliar a criação, entrega, uso e melhoria do conteúdo é muito importante. Usar repositórios que ajudam a organizar e sejam de fácil busca, como é  caso do Campus Virtual de Saúde Pública Brasil (http://brasil.campusvirtualsp.org/repositorio) ou o Acervo de Recursos Educacionais em Saúde - ARES, da UNASUS (https://ares.unasus.gov.br/acervo/). Ou sites próprios, mas que dê condições para o reuso.

  3- Recursos para implementação: É preciso resguardar o material através das licenças abertas. Definir licenças de propriedade intelectual, com o objetivo de promover a publicação aberta de materiais. Alguns dos repositórios já possuem licenças pré-definidas, ou dão condições do usuário escolher a licença. Para aqueles que desejam colocar seu material num site próprio, é possível publicar na plataforma CC - Creative Commons, através deste link http://creativecommons.org/choose/?lang=pt

  4 - Práticas: É preciso incorporar em suas ações, em seus materiais, nas ferramentas as narrativas de uso. Incentivar, distribuir, reutilizar.

Tipos de Licença


O Creative Commons é uma organização sem fins lucrativos, que permite o compartilhamento e o uso da criatividade e do conhecimento através de licenças jurídicas gratuitas, fazendo com que o autor diga para todos como a sua obra poderá ser utilizada. A licença CC vai proteger as pessoas que vão usar seus conteúdo para não haver violação de direitos autorais, desde que obedeçam as condições escolhidas pelo autor. Se nós queremos fazer com que o nosso conteúdo seja compartilhado para a construção do conhecimento coletivo, então é preciso conhecermos as licenças Creative Commons. Bem, para não extender este artigo, sugiro acessar esta página: http://creativecommons.org.br/as-licencas/

Este artigo não se encerra por aqui. E aí, o que achou? Vamos tornar o nosso conhecimento livre e colaborativo?

Referências:


Cartilha sobre REA: http://www.rea.net.br/site/wp-content/uploads/2012/03/Folder-REA.pdf
Creative Commons no Brasil: http://creativecommons.org.br/
Recursos Educacionais em Saúde - Acervo: http://www.unasus.gov.br/page/ares/o-que-e-o-ares
Unesco - Declaração REA de Paris em 2012:  http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CI/CI/pdf/Events/Portuguese_Paris_OER_Declaration.pdf
REA na Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Recursos_educacionais_abertos

Livro: Recursos Educacionais Abertos - práticas colaborativas e políticas públicas    http://www.livrorea.net.br/livro/home.html




quinta-feira, 27 de março de 2014

Marco Civil é aprovado com base nos princípios de governança e uso da Internet do CGI.br

São Paulo, 26 de março de 2014
Texto do NIC.br - Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR

Projeto de Lei aprovado na Câmara Federal dos Deputados defende a privacidade e neutralidade da rede

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), organismo multissetorial responsável por integrar as iniciativas de uso e desenvolvimento da Internet no País, considera a aprovação do Marco Civil da Internet, na noite da última terça-feira (25), na Câmara dos Deputados, um grande avanço para a proteção dos direitos civis constitucionais dos brasileiros.

“A aprovação do Marco Civil é um importante progresso para a sociedade brasileira, pois a Internet é cada vez mais uma tecnologia indispensável para todos os segmentos da sociedade. O Marco Civil é também um importante exemplo que o Brasil oferece ao mundo, ao aprovar uma legislação que ordena os direitos e responsabilidades dos cidadãos, empresas e governo na Internet", destaca o coordenador do CGI.br, Virgílio Almeida.

As próximas etapas serão a tramitação do Projeto de Lei no Senado e em seguida a sanção presidencial, o que impulsionará o Brasil a ocupar uma posição de liderança mundial no debate sobre o futuro da Internet. O Marco Civil brasileiro poderá servir de inspiração para outros países, principalmente durante a realização do NETmundial - Encontro Multissetorial Global Sobre o Futuro da Governança da Internet, que acontecerá nos dias 23 e 24 de abril, em São Paulo e reunirá entidades internacionais de diversos setores envolvidos com a governança da Internet.

A consolidação dos direitos, deveres e princípios para a utilização e o desenvolvimento da Internet no Brasil a partir do Marco Civil é fundamental para promover a transparência e confiança no uso da Internet. “A atuação do CGI.br com seu modelo multissetorial de governança, torna-se ainda mais relevante para o avanço de uma Internet livre, democrática, segura e eficiente”, afirma Virgílio.

Durante todos os debates do Marco Civil na Câmara, o CGI.br manifestou apoio à proposta do relator Alessandro Molon. De acordo com o coordenador do CGI.br, o texto aprovado guarda diversas similaridades com o decálogo de princípios para governança e uso da Internet, proposto pelo CGI.br em 2009 e, hoje, visto internacionalmente como uma referência para a Internet.

No texto do Marco Civil, o CGI.br é mencionado em dois importantes artigos. O artigo 9º determina que as exceções de neutralidade de rede somente acontecerão por decreto e após ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de Telecomunicações. O artigo 24º afirma que “o desenvolvimento da Internet no Brasil e a promoção da racionalização da gestão, expansão e uso da Internet, contará com a participação do Comitê Gestor da Internet no Brasil”.

O CGI.br reitera seu posicionamento sobre alguns dos principais aspectos do Marco Civil da Internet:

Liberdade, privacidade e direitos humanos
O uso da Internet deve guiar-se pelos princípios de liberdade de expressão, de privacidade do indivíduo e de respeito aos direitos humanos, reconhecendo-os como fundamentais para a preservação de uma sociedade justa e democrática.

Neutralidade da rede
Filtragem ou privilégios de tráfego de dados devem respeitar apenas critérios técnicos e éticos, não sendo admissíveis motivos políticos, comerciais, religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de discriminação ou favorecimento.

Inimputabilidade da rede
O combate a ilícitos na rede deve ser dirigido aos responsáveis finais e não aos meios de acesso e transporte, sempre preservando os princípios maiores de defesa da liberdade, da privacidade e do respeito aos direitos humanos.

Origem – O projeto de lei do Marco Civil da Internet surgiu a partir da percepção de que o processo de expansão do uso da Internet por empresas, governos, organizações da Sociedade Civil e por um crescente número de pessoas colocou novas questões e desafios relativos à proteção dos direitos civis constitucionais dos cidadãos.

Nesse contexto, era crucial o estabelecimento de condições mínimas e essenciais não só para que o futuro da Internet seguisse baseado em seu uso livre e aberto, mas que permitissem também a inovação contínua, o desenvolvimento econômico e político e o surgimento de uma sociedade culturalmente vibrante.

O Marco Civil nasceu de uma iniciativa da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, que, em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, estabeleceu um processo aberto, colaborativo e inédito para a formulação de um marco civil brasileiro para uso da Internet.

O principal elemento de inspiração do Marco Civil foi a Resolução de 2009 do CGI.br intitulada “Os princípios para a governança e uso da Internet” - http://www.cgi.br/regulamentacao/resolucao2009-003.htm. Além disso, recomenda-se a leitura da publicação “O CGI.br e o Marco Civil da Internet” em http://www.cgi.br/publicacoes/documentacao/CGI-e-o-Marco-Civil.pdf.   

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios de multilateralidade, transparência e democracia, o CGI.br representa um modelo de governança multissetorial da Internet com efetiva participação de todos os setores da sociedade nas suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (http://www.cgi.br/principios). Mais informações emhttp://www.cgi.br/.  

quarta-feira, 19 de março de 2014

Marco Civil - Temos que fazer barulho!!!



Segundo Tim Berners-Lee,

"a não ser que tenhamos uma Internet aberta, neutra, em que possamos confiar sem nos preocuparmos com o que está acontecendo por trás do pano, não podemos ter um sistema de governança aberto, uma boa democracia, um bom sistema de saúde, comunidades interligadas e diversidade cultural".

Estamos numa luta contra os interesses das grandes cia de telecomunicações. Aquelas que detêm o cabeamento da nossa internet e que são inimigas da neutralidade na internet. Nessa luta, todos são convocados. Vovó que gosta de espiar suas amigas no facebook, jovens gamers, blogueiros, movimentos sociais que encontraram na internet um local para se comunicar (e fazer política). E como Benners-Lee nos lembra, a democracia, os sistemas de saúde, educação, cultura... É preciso conhecer a grande batalha da nossa atualidade. Lutemos pela neutralidade da rede, por uma informação neutra e livre.

O primeiro passo: assinar petições públicas, como a do Instituto Brasileiro do Consumidor, e divulgar, compartilhar. O IDEC criou este site para explicar melhor: http://marcocivil.com.br/

Se você acha que muitos dos seus amigos ainda não entendem a importância da discussão, ataque do melhor jeito nos dias atuais: com vídeos curtos.

Vejamos esse vídeo, um dos melhores que explica como a interferência no marco civil escrito pela população pode afetar no nosso dia-a-dia


Trago também alguns vídeos do deputado Alessandro Molon (PT/RJ), que nos ajudam a entender o que está acontecendo. Vamos, armem-se, essa luta é nossa!!



Vejam os outros vídeos preparados pela equipe do deputado no canal dele.

Sugiro também vídeos do sociólogo e professor Sérgio Amadeu. É possível encontrar muito material sobre a discussão



E aí? vamos lutar?

sexta-feira, 7 de março de 2014

10 razões para uma educação conectada

Esse texto foi retirado e traduzido do Intefblog




  1. O uso de redes sociais é parte da competência digital, que é uma das competências-chave para a aprendizagem no século XXI. (Gutiérrez Martín & Tyner , 2011)
  2. Integrar as mídias sociais e ambientes virtuais de aprendizagem em sala de aula é uma necessidade para evitar o aumento desta lacuna digital. Os alunos utilizam diversos meios/mídias para gerenciar informações e aprender dentro e fora da sala de aula. (Buckingham , 2008)
  3. Não podemos continuar a ensinar no século XXI como no século XIX. Para a educação de qualidade é necessário integrar novas mídias de gestão de informações e comunicação global, onde as redes sociais são uma parte importante. (Irazábal , 2012)
  4. O professor deve desenvolver as habilidades digitais necessárias que permitam apreciar a necessidade de incorporar as novas mídias para uma aprendizagem mais eficaz e atualizada. (Gil Mediavilla , 2013)
  5. O problema não é do computador e da conectividade. Os alunos estão conectados fora da sala de aula e usam regularmente as redes sociais. (Gisbert & Esteve, 2011)
  6. Para fazer uso eficiente de ambientes virtuais de aprendizagem e mídias sociais é necessária uma nova abordagem pedagógica. O aluno deve ter um papel mais ativo e criativo na sua aprendizagem. Os professores devem propor projetos de aprendizagem bem projetado, significativo, e guiá-los através dos desafios que surgem e resolução de problemas em colaboração/conexão com os outro. (Badia & Monereo , 2008)
  7. A capacidade de localizar e processar informações, conectar-se com nós/nodos ou fontes especializadas, é mais importante do que o que nós sabemos em determinado momento. Alimentação e manutenção de conexões é necessária para facilitar a aprendizagem contínua. (Siemens, 2007)
  8. É necessária a educação ligada ao desenvolvimento de novas capacidades, tais como filtragem e classificação de informações a partir da Web, participar e compartilhar em comunidades virtuais, compreender os seus próprios códigos de comunicação de contextos digitais, editar conteúdos digitais, criar e gerir a sua própria identidade digital. (Alvarez, 2012)
  9. O fluxo de informações dentro de uma organização é um elemento importante da eficácia organizacional. Criar fluxos de informação, gerenciá-la e distribuí-la coletivamente são atividades-chave nas organizações. Também nas escolas, eles receberiam benefícios significativos ao incluir um plano de uso de mídias sociais em seus programas educacionais. (De Haro, 2012)
  10. A Conectividade das pessoas permite o intercâmbio e a discussão de novas idéias e favorece a inovação. (Freire et al. , 2009)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Cursos na Comunidade de Práticas - Educação em Rede para a Atenção Básica

O projeto Comunidade de Práticas tem trazido algumas questões muito importantes para a Atenção Básica e para o SUS. Questões emergentes, que não davam para esperar. E questões que não apenas problematizassem o contexto que estamos inseridos, mas tb que potencializassem a força do trabalhador da ponta.

A Comunidade de práticas existe há alguns anos, mas desde o ano passado (2013) ela ganhou um caráter mais social. Se antes ela já tinha sido concebida como uma rede social que valorizaria a colaboração entre os usuários, destacadamente os profissionais de Atenção Básica, hoje vemos uma ecologia de ambientes dinâmica, participativa, distribuída. Viável. Além das comunidades, vimos a construção de um evento com um gigante repositório de experiências das mais diversas Unidades Básicas de Saúde espalhadas pelo Brasil, além do surgimento do ambiente de cursos.

Desenvolvida em Drupal, com a necessidade de ser uma rede social, construir um ambiente de curso necessitava um olhar um pouco diferente. Trazer o modelo padrão de um AVA, como o Moodle, seria eficiente, mas não exploraria o potencial de uma rede social. Precisávamos avançar e criar algo diferente.

Com base em alguns modelos atuais, como os MOOCs (Massive Open Online Course) e o PLE (Personal Learning Environments), fomos desenhando uma arquitetura que valorizasse o social. Isso reverberou na construção do conteúdo, que precisava valorizar a colaboração, a troca de experiências, a conexão entre os usuários. E por aí podemos nos basear no conceito de Educação em Rede, com foco no Conectivismo.

Hoje temos um curso disponível, outros 6 esperando a finalização de seu conteúdo para serem disponibilizados. São cursos para o profissional da Atenção Básica. Aqui disponibilizo alguns links nas imagens abaixo. Aos poucos trarei algumas discussões conceituais e resultados práticos, compartilhando com vocês. Não é assim que vamos construir juntos uma educação compatível com a atualidade?

Curso Autocuidado - nível superior

Cursos Gestão de PICs; e Uso de Plantas Medicinais e Fitoterápicos para ACS


segunda-feira, 3 de março de 2014

Sobre a episteme comunicacional

SODRÉ, Muniz. Sobre a episteme comunicacional. MATRIZes – Revista do programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, São Paulo, ano I, n.1, p. 15-26, jul.-dez. 2007
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Neste texto, Muniz Sodré levanta a questão ontológica sobe o fenômeno da comunicação, analisando os seus fundamentos teóricos. De início, faz uma crítica do patamar informacional em que se apóiam os clássicos estudos de mídia. Depois, aborda a comunicação como uma hermeneutica das novas formas de existência sob a midiatização.

Partindo da crítica, a comunicação é entendida, pelos clássicos, como instrumento (rádio, tv, internet) a ser analisado, ou como mero pretexto para a resolução de um problema de uma outra disciplina. Não se considera a midiatização dos fenômenos da sociedade. E por midiatização se entende “o funcionamento articulado das tradicionais instituições sociais com a mídia. Como objeto de um pensamento da comunicação social, sstena a hipóteses de uma mutação sócio-cultural centrada no funcionamento atual das tecnologias da comunicação.

Sodré faz uma crítica a conceitos clássicos (teorias como two step flow ou teorias da recepção) do interesse da análise de mídia, mas que não dão cargo para a questão epistemológica da comunicação. As tecnologias avançadas da comunicação e a velocidade de circulação das informações produzem uma outra temporalidade, que SODRÉ diz ser o “tempo real”. 
“no mundo posto em rede técnica, modifica-se profundamente a experiência habitual do tempo: virtualmente, conectado a todos os outros, cada indivíduo pode ser alcançado sem demora, nem período marcado, por qualquer um. Ísto é precisamente o ‘tempo real’, ou seja, a abolição dos prazos, assim como dos tempos mortos pelos dispositivos técnicos integrados em nossa ambiência cotidiana” (SODRÉ, 2007-pg 19)

Daí pensar no imediatismo, no espaço ilimitado e no baixo custo da rede cibernética.

MUNIZ SODRÉ reflete sobre a sociedade midiatizada, um novo tipo de sociedade diferente, que não é a sociedade do discurso (Foucault), nem a a sociedade de controle (Deleuze) e nem mesmo pode ser vista por campos (Bourdieu).

A partir desta reflexão, SODRÉ nos apresenta o conceito de “bios midiático” , que é “a configuração comunicativa da virtualização generalizada da existência”. Ela é “capaz de afetar as percepções e as representações correntes da vida social, inclusive neutralizar as tensões do vínculo comunicativo”(pg21).
A questão é a de se saber qual é a influência ou poder que essa articulação exerce sobre a construção da realidade social, na moldagem das percepções, afetos, significações, costumes e produção de efeitos políticos. Aristóteles apresenta três bios: do conhecimento, do prazer e da política. Ele chama de bios a cidade investida politicamente - a sociabilidade da polis. Muniz Sodré apresenta a quarta bios: a midiática, virtual. Uma mudança na forma de viver é real, tudo que se passa ali é real, mas não da mesma ordem da realidade das coisas. É representação, mais abstrata.

Não se parte do “eu” ou do “não-eu”, mas do “com” constitutivo. E por aí entra o conceito de comunidade. Para SODRÉ “para vincular-se, é preciso que cada um perca a si mesmo, que lhe falte o absoluto domínio da subjetividade e da identidade em função da abertura para o outro”(pg 21).

SODRÉ abandona a concepção informacional da comunicação e para para uma pespectiva constitutiva. Só que há problemas, como o da comunicação como modo próprio de inteligibilidade do processo de produção de sentido e de discursos sociais. Como tática, designa 3 níveis operativos:


  • Relacional: informacional, interação midiática- lugares dos estudos de mídia. 
  • Vinculativo: condição originária do ser, lugar da interação intersubjetiva.
  • crítico-comunicativo: ciência da comunicação; “a forma progressivamente assumida pela consciência é o da técnica, a ação concreta e real dos sujeitos, independente do contexto social e da tradição cultural”.
A partir dos anos 70, tem surgido aportes teóricos estruturalistas para a episteme comunicacional. O suejito falante cede lugar ao “código” – uma estrutura independente do sujeito e precedente à mensagem.




quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Sim, o Twitter alimenta meus estudos


São 140 caracteres que podem nos apontar para um mundo de discussões. Começo a escrever para este blog fazendo uma forte defesa ao uso do twitter. Com a atual liderança do Facebook, o declínio do Orkut e o tímido avanço do Google Plus, muito se especula sobre o twitter no Brasil. Entre os 200 milhões de usuários ativos no mundo, nosso país está entre os cinco principais mercados do microblog. Mas isso não faz frente a participação do brasileiro no Facebook: somos ainda a segunda nação que mais usa a Rede Social (fala-se muito na não-adesão do povo indiano, o que os colocaria a nossa frente).

A cada trimestre uma grande agência no mundo, outras no Brasil, soltam números que não me impressionam. Não devemos ver as tais redes, ou mídias sociais, como concorrentes. Cada uma dessas redes tem suas características próprias. Para um relacionamento interpessoal, ou criação de comunidades, o Facebook é muito mais adequado que o twitter. E talvez por isso muitos sentem certa resistência com o microblog. Também pudera, para muitos, os tais 140 caracteres limitam a relação, diminuem as opiniões, não são atrativos - não se considera o metadado, aquele link que que te leva a mais informação. Esse movimento é forte no Brasil, mas não é o que vemos pelo mundo (não vou entrar nos detalhes dos números, talvez faça nos próximos posts).

Como pesquisador em comunicação, informação e internet, garanto a vocês que o Twitter é uma ferramenta indispensável (mesmo eu acreditando e comprovando que, mais que uma ferramenta, ele é uma rede social). Pelo Facebook, tenho inúmeros amigos, não chego ao limite de 5 mil, mas tenho um número razoável que me ajuda a conversar, criar grupos de discussão, pesquisar assuntos interessantes, marcar eventos e outras coisas. No "face" eu posso me relacionar com qualquer pessoa (claro, mantendo um mínimo de critério para permitir a exposição da minha privacidade, mesmo sabendo que ela já não é minha, mas do Mark Zuck).
Com o Twitter é diferente. Aqui eu defino prioridades e interesses. Não me interessa seguir amigos que escrevem sobre um assunto que não diz respeito as minhas atividades. É preciso ter critérios, mas sem ter uma visão que restrinja, que seja fechada. Para isso, é importante apostar nas conexões valiosas. Neste sentido, é importante ser seletivo (seguir o amigo que escreve coisas úteis e o acadêmico que discute assuntos de interesse profissional; o importante é não perder tempo com perfis que não ajudam).
Pelo Twitter eu participo, não leio apenas por ler. Participar é dar vida a sua rede, possibilitar o seu crescimento e a sua dinâmica. Eu retwito o que acredito ser legal (num contexto de uso profissional e acadêmico), faço sínteses para não enviar links sem contextos. É preciso comunicar, compartilhar. Minha rede no twitter me informa, atualiza, dialoga comigo. E por ela eu descubro e me atualizo.

Fontes Valiosas

Basta clicar em Seguir, e você terá informes do cara que criou a Web
A partir do momento que eu faço uma filtragem com o que considero ser importante, todos os dias tenho algo atual que é agregado aos meus estudos, as minhas discussões. E para quem é da área de comunicação, de informação, da cibercultura, das redes sociais e da internet em geral, temos muitos com quem se conectar.

Por exemplo, enquanto você ainda lê aquele livro do Pierre Levy sobre inteligência coletiva, não se conecta às atuais discussões sobre a esfera semântica, algoritmos e "Big data" - veja mais em @plevy

Posso citar outros, como estes:
- David Weinberger (@dweinberger) - criou o The Cluetrain Manifesto, tem um belo texto sobre a internet (Mundo de Pontas). Uma referência interessante para a Ciência da Informação

- Tim Berners-Lee (@timberners_lee) - Diretor do Consórcio W3C, criador da World Wide Web (WWW), atualmente twitta sobre assuntos como "Linked Data", "Dado Abertos", "Transparência", entre outros.

- Tim O'Reilly (@timoreilly) - Fundador e CEO da O'Reilly Media, cunhador do termo Web 2.0.

- Douglas Rushkoff (@rushkoff) Escritor e teórico de Mídia/Internet.

- Howard Rheingold (@hrheingold) - Investigador, cunhou o termo "Comunidade Virtual", lá nos anos 80. Hoje aborda assuntos referentes a educação.

- Henry Jenkins (@henryjenkins) - Professor de Comunicação, referência em Narrativa Transmídia.

- Raquel Recuero (@raquelrecuero) - Pesquisadora brasileira de Redes Sociais e comunidades virtuais. Comentários sobre suas pesquisas, eventos interessantes, papers sobre redes sociais.

- Augusto de Franco (@augustodefranco) - pesquisador brasileiro, netweaver e criador da Escola-de-redes, ótima pedida para quem quer avançar na ciência das redes. Traz elementos do dia a dia para as suas discussões teóricas

- Maria João Spilker (@etutoria) - pesquisadora portuguesa de E@D, vale a pena seguir.

- Beatriz Martins (@biacm) - pesquisadora brasileira das tecnologias digitais, ciberativista na veia e na teoria. Outra boa pedida

- Sandra Crucianelli (@spcrucianelli) - para quem se interessa por jornalismo de dados, a profissional argentina é referência no mundo.

Por aí dá pra reconhecer referências interessantes (posso citar outras em outros posts). Comentem, falem de outras referências e das suas experiências com o twitter.