1.
Se perguntamos para você o que é o Twitter, provavelmente saberá responder. Um microblog, um espaço de troca entre usuários que se seguem, 140 caracteres de opiniões e links, tópicos mais comentados, etc. Mas você saberia me dizer como ele foi criado?
O que você está fazendo?
O twitter foi criado em 2006 por Jack Dorsey, Evan Williams e Biz Stone, antigos trabalhadores do Google. O projeto foi iniciado como um serviço de troca de status, parecido com um SMS. O usuário deste serviço partilhava pequenas mensagens sobre suas vidas, e seguia as mensagens das pessoas que consideravam importantes. Esta era a mensagem a ser publicada
Será que os criadores tinham em mente o potencial de rede desta ferramenta? Talvez, como podemos ver nesse vídeo de 2008. Mas será que eles pensavam nas diversas mudanças que foram ocorrendo na plataforma, com a criação das hashtags, do Trending Topics? Ou na potente ferramenta de promoção política (a vitória na primeira eleição presidencial de Barack Obama nos Estados Unidos teve como um dos cenários principais a rede social) ou revolucionária (o twitter teve papel importante nas manifestações no Egito e na Tunísia contra o ditador Zein al-Abidine Ben Ali, ou em junho de 2013, no Brasil)?
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2.
A ferramenta não é importante, mas sim o processo cognitivo. As ferramentas sempre mudam (Pierre Levy)
Sabemos que a internet nos reserva infinidades de ações e perspectivas. O ciberespaço é tão complexo, com diversos atores, diversos projetos, e a esperança de mobilizar, transformar, coletivizar e colaborar.
Quando criamos um projeto de mobilização, olhamos as redes sociais e outras plataformas, podemos pensar: A tecnologia faz a diferença?
A tecnologia não determina nossas ações virtuais. O importante é levarmos em consideração a metodologia que iremos adotar, os objetivos, conhecer os atores da comunidade que queremos construir e facilitar. Os impactos das novas tecnologias da informação devem ser olhados com cautela.
Pierre Lévy (1999) inibe qualquer tentativa de uma relação determinista da tecnologia sobre a sociedade e a cultura quando inverte o problema, convidando-nos a analisar as tecnologias como produto de uma sociedade e de uma cultura. Em vez de pontuar apenas o impacto, ele enfatiza a ação dos atores humanos como criadores, produtores, usuários e interpretantes das diferentes formas de tecnologia.
Lévy traz para a discussão a idéia de condicionamento, e não determinismo, pois considera que “não há uma ‘causa’ identificável para um estado de fato social ou cultural, mas sim um conjunto infinitamente complexo e parcialmente indeterminado de processos em interação que se auto-sustentam ou se inibem” (LÈVY, 1999, pg. 25). Todos os fatores considerados objetivos não são criados a partir de uma invenção radical, e por isso não se trata de avaliar os impactos.
(...) a qualidade do processo de apropriação (ou seja, no fundo, a qualidade das relações humanas) em geral é mais importante do que as particularidades sistêmicas das ferramentas, supondo que os dois aspectos sejam separáveis (LÉVY, 1999, pg. 28).
Como vimos, o twitter é uma ferramenta potente. O que são 140 caracteres? Não lhe parece muito pouco? Como é possível fazer a revolução com apenas 140 caracteres?
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Referência
LEVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro. Editora 34. 1999
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