sexta-feira, 30 de maio de 2014

Educomunicação: Como estamos fazendo EAD?

Planejar EAD parece muito simples.
(Parece)
Se o professor ou o projetista de um curso EAD possui conhecimentos básicos de informática, domina o PowerPoint, gosta de escrever nas redes sociais ou se atreve a fazer uma edição simples de vídeo, bem, ele já está apto a criar todo o material do curso para um ambiente virtual de aprendizagem? Não sei vocês, mas acho muito pouco. E acredito que a maioria de vocês esteja sempre se deparando com isso aqui e acolá.

É sabido que estamos em uma sociedade que mudou muito. Temos acesso à internet, às tecnologias móveis, computadores baratos, às ferramentas web 2.0. É possível criar um blog como este, criar um canal no youtube, podcasts, relacionamento com outros usuários. Nós nos tornamos emissores de significados, de opiniões, de conexões. A Educação à Distância ganhou uma outra dimensão, temos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, possibilidades de criação de narrativas diversas. E por que ainda vemos a mesma postura centralizadora das salas de aula presenciais? E por que se explora tão pouco as possibilidades das ferramentas web?

Vejam a diferença: Enquanto eu, como usuário, tenho inúmeras possibilidades de participação e interação em vários sites e redes sociais que acesso, nas salas de aula virtuais sou limitado à interação com o conteúdo de maneira passiva. Por quê? A cada estudo que se faz da EAD atualmente, "os números que mais gritam" são os de evasão. Podemos pensar em várias respostas, como falta de tempo do aluno, dificuldades de gerenciamento de informação/ensino, incapacidade do aluno em relação ao conteúdo proposto.

É preciso se colocar diante da realidade no virtual de maneira diferente.
(Devemos combater a educação bancária virtual!!!!)
E podemos ver uma mudança profunda quando inter-relacionamos a educação e a comunicação.

Entendam, um Ambiente Virtual de Aprendizagem é um ecossistema comunicacional. E os atores da educação precisam explorar isso, fugindo do modelo matemático de comunicação (emissor  receptor) e potencializando a rede e sua cultura interativa (), colaborativa e distribuída. Aqui o conceito de Educomunicação pode nos ajudar a entender os desafios da EAD para uma prática da educação alinhada ao contexto interativo e dialógico do acesso do usuário/aluno na internet.

O conceito foi desenvolvido pelo Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), da Universidade de São Paulo, sob a coordenação do prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares, com o objetivo de estudar as inter-relações entre a Educação e a Comunicação e contribuir para identificar novas metodologias de ensino e aprendizagem. Se antes se discutia o uso de técnicas de rádio e jornal para dentro da sala de aula, na Educação a Distância fica clara a necessidade de se estudar com mais potência esta abordagem, desde a maneira como é montada toda a estrutura dentro de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, quanto ao uso de narrativas midiáticas para construção de conteúdos.

Mas a comunicação não deve ser apenas um instrumento. Como escrevi no começo, não adianta saber criar um powerpoint, ou inserir texto no Moodle. É preciso refletir os processos comunicacionais do usuário inserido na web, as diversas narrativas e representações, os agentes que se colocam em relação com a aprendizagem. O aluno não se interessa por um mero transmissor de conteúdo/mensagem. Ele quer participar, seja pelas vias oficiais, ou pelos grupos/comunidades alternativas no Facebook. E o ambiente virtual de aprendizagem e o conteúdo educacional precisam apoiar e motivar esta participação.

Ao construir um ambiente como esse, é preciso estimular a comunicação para todos os usuários, facilitar o processo de construção do conhecimento, usar todo o potencial das tecnologias de informação e comunicação, criar espaços de interlocução. Um gestor de comunicação, ou educomunicador, é peça fundamental na construção deste processo de aprendizagem (se houver liberdade para uma construção em equipe, de preferência multidisciplinar).

O educomunicador é um facilitador, planeja a comunicação, media, explora os meios. Ele também é sujeito, possui um lugar de fala e dá visibilidade aos atores, aos discursos, às tensões. Se por um lado explora o uso das tecnologias e narrativas midiáticas, por outro promove a intencionalidade educativa no processo de comunicação. Até porque um curso se estrutura em objetivos educativos. Se este ator é o tutor, facilitador ou design instrucional, é uma questão de postura. Do educomunicador, de quem projeta o curso.

Por essas penso que um curso de EAD precisa ter um modelo pedagógico e comunicacional.


Referência:

DE MELLO, Luci Ferraz. Educomunicação na Educação a Distância: o Diálogo a partir das Mediações do Tutor. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em "Ciência da Comunicação", ECA/USP. São Paulo, 2010

 




segunda-feira, 19 de maio de 2014

Vídeos educativos como ferramenta fundamental para um curso EAD

Como podemos ver na atualidade, o vídeo é uma tendência de consumo que se tornou realidade na internet. Todos os dias acompanhamos vídeos sendo compartilhados em nossas redes sociais, empresas se utilizando de narrativas em vídeo para divulgar seus produtos e serviços, o humor ganhando força através de canais no youtube, e uma série de oportunidades que mostram o crescimento exponencial no uso desta ferramenta.

Na educação a distância, podemos ver a presença cada vez mais forte de vídeos-aula, o que oferece uma riqueza educacional que precisa ser explorada para o bem. Se chegamos a criticar muitos dos cursos EAD que apenas migram seu conteúdo presencial para o virtual, sem se preocupar com a diferença contextual e narrativa, temos que ter cautela com os vídeos na E@D.

Mas é cada vez mais certo que vídeos educacionais são e serão peças fundamentais para a aprendizagem na internet, assim como outras narrativas e métodos, como games, aplicativos/dispositivos móveis, realidade aumentada, entre outros. O professor ou conteudista deve se adequar a estas experiências, que são cotidianas na vida de muitos internautas.

Pesquisas já apontam para a importância dos vídeos no cotidiano virtual. Segundo o Youtube, mais de um milhão de usuários únicos acessam a plataforma por mês; esses assistem mais de 6 bilhões de horas de vídeo no mesmo período; a cada minutos usuários compartilham 100 horas de vídeo. Previsões da Cisco mostram que em 2017 que 69% de todo o tráfego da internet será de usuários acessando vídeos. Avançar na qualidade dos vídeos educacionais é uma necessidade.

Mas fazer vídeos é apenas gravar qualquer coisa?


Vídeo é um formato, ok? Através deste formato, podemos explorar diferentes modos e narrativas. Hoje temos acesso a vídeos tutoriais, entrevistas, documentários, animações, webinars, videoconferência, entre outros.

Mas quando tratamos de vídeos educacionais, precisamos pensar primeiramente em nosso público e no contexto em que este vídeo estará inserido. Por exemplo, podemos pensar em um curso dentro de uma rede social. Se ele não explorar a condição e características de um espaço social, este vídeo pode não atingir o potencial do ambiente e do usuário. Nesse sentido, como aproveitar?

Ao pensar na utilização de vídeos, podemos pensar em algumas etapas. Separei algumas dicas do artigo do professor Oscar Montero que deu base a este post. Vejamos:


  • Utilize um guia ou um Storyboard: um bom vídeo não consiste em criar por criar, nem criar em tempo real. Faça um guia que siga uma boa estrutura pedagógica. Isso o fará ganhar tempo. E cumprirá melhor seu objetivo.

  • Utilize exemplos familiares: Por que explicar conceitos complexos de maneira técnica quando podemos fazer através de objetos ou situações comuns? Olhe as mudanças que vem acontecendo com os documentários de televisão, mostrando ciência e e outras disciplinas para o espectador através de experiências e exemplos com objetos comuns ao cotidiano. 
  • Pense em seu público/aluno: simpatize com eles. Ofereça-lhes o que você acha que eles querem e adeque o conteúdo e a mensagem para o seu atender a esta demanda.
  • Cuide da estética: dê uma imagem atualizada e bem trabalhada. Tente surpreender, mostre algo diferente, na medida do possível.
  • O poder da imaginação: ofereça algo novo. Se temos 20 vídeos na internet que tratam sobre o que quer ensinar, aborde de modo diferente, traga algo novo.
  • Adicione Interatividade: Em determinados casos, o vídeo pode encorajar passividade. Mas podemos adicionar interatividade, desafiando o espectador através de perguntas, incitando-o a fazer alguma coisa ou ativando sua memória.
  • Reduza o conteúdo: seja claro e conciso. Por que explicar em 10 minutos o que se pode explicar em 2?
  • Cuide do áudio: certifique-se que você está ouvindo com clareza e elimine o ruído de fundo. Em vídeos assíncronos, cuide dos aspectos auditivos: áudio limpo, música de acompanhamento, vz em off...
  • Dê um toque cinematográfico: não precisa ser um Spielberg, mas tome licença para fazer um vídeo mais agradável. Utilize duas câmeras. realize primeiros planos, grave perspectivas e novos ângulos... Na internet é possível achar diversos programas de edição de vídeos simples que podem te ajudar a fazer uma boa montagem. 
  • Deixe-os fazer: utilize o vídeo como estratégia para que os alunos criem e realizem atividades e tarefas. Hoje em dia qualquer um pode gravar, editar e fazer upload de vídeos no youtube ou vimeo.
  • E, sobre tudo, tenha claro seu objetivo: O importante não é que o vídeo seja bom, mas que sirva para cumprir sua finalidade: promover a aprendizagem

Para avançar na discussão


Vejam o material preparado pelo pesquisador Antonio Cordeiro. Participei de algumas experimentações e discussões sobre o uso de videoconferência na sala de aula com Cordeiro, e ele tem avançado nas pesquisas sobre o assunto. Sabemos que com apenas um computador com internet, um software adequado, uma webcam e um microfone, qualquer professor consegue fazer uma transmissão ao vivo. Como vimos antes, mais eficiente será o professor que seguir a partir de um planejamento, para evitar imprevistos. Este material nos apresenta guias, metodologias e a experiência dele na Agência Nacional de Saúde Suplementar. Vale a pena





Referências:

BLOG CONASA DIGITAL. Montero, Oscar. Video-learning, una apuesta de futuro. fevereiro de 2014.  http://blog.conasa.net/2014/02/video-learning-una-apuesta-de-futuro/